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quarta-feira, 31 de março de 2010

Sobre os brios da soberba



É difícil pre'u me despedir, sem nunca ter chegado. Sem ter percebido a capacidade de me acolher dos seus braços. Nunca ter me feito sua de fato. 
O mais complicado porém é confessar tudo isso sem dizer nada. É reconhecer que o meu orgulho me mantém parada e firme na minha completa arrogância.
É pior ainda não ter seu afago, aquele mesmo que eu nunca senti. Ou não quis. Pensar que nada mais justifica o seu bem querer a mim mesma, uma vez que sou eu quem pede para ser deixada. A palavra que mais admiro é muda: o silêncio. E é talvez por isso que eu nunca tenha sentido sua respiração quente, seu peito febril e seu amor incontrolável. 
Me perdia sempre no vazio, no meu mudo, surdo e calmo quarto. Enquanto você contava problemas, soluçava façanhas e eu com o olhar fixo no branco gélido da parede. Se eu pedir baixinho, se mendigar cura, se rezar todas as noites e você prometer que tudo isso passa, a prepotência, a insegurança, o medo e o vazio, eu juro que tento me entregar. Se me ajudar a vender, doar, erradicar todo esse orgulho que ruboriza, dá viço e tom a toda a minha petulância, juro que tento me entregar. Mas que fique claro, não poderei me despedir, falar ou prometer coisas assim vãs sem que tenha me mostrado o poder de seus braços. 

P.S.I.U: Esse texto foi produzido especialmente para o Impressões Digitais, da gentil Dani Pedrosa, em comemoração pelos 10.000 acessos do blog. Parabéns, Dani. Agradeço o convite, entre outras coisas, espero que você também possa contribuir com esse nosso espaço aqui.