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terça-feira, 12 de março de 2013

Sobre o semelhante uterino



Tinha um medo ingênuo do amigo mais velho dos meus pais que vinha visitar a gente vez ou outra tarde da noite. 

Depois foi a insegurança de ser aceita como era pelos coleguinhas novos. Ter que gostar das brincadeiras deles e saber que ninguém iria escolher a minha sugestão. 

A preparação para as festas era sempre a mesma coisa: eu iria para a casa das amigas, escolheria uma roupa razoável a todos e tinha o comportamento adequado para a gente da cidade. 

Daí veio o medo de saber que o meu primeiro namoro iria um dia terminar. A garganta seca por pensar que minha mãe iria me deixar. O total desconhecido "monstro" que ela pintou sobre a vida na academia e na metrópole. 

A solidão compartilhada com milhões. 

E, agora, o medo do conhecido sempre vigilante desde a infância. A impotência pelas palavras já proferidas e guardadas com o rancor de quem ouviu atrás da porta. 

O susto. A reação certeira. O medo. O medo. O medo.

O fim do dia, o cair da noite, o escuro, os olhares atravesssados. Tudo parece contribuir para que eu siga apressada e amedrontada com o meu redor. 

Uma loucura. Uma solidão. Um desespero. Uma tristeza sem fim. Uma família assim. 

E o medo de alguém tão menor que eu desde a criação natural da ordem divina. A impotência diante de uma fase interminável e justificada por alguém amado.

O descontrole. 

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