"Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vida que andam juntas
Ninguém faz"
Mil perdões / Chico Buarque
Não espere. Nem um sorriso, nem um abraço. Nem um quilo de açúcar e meio de carne. Não espere amor ou mesmo carinho. Não espere na porta, nem com o vinho. Não abra a janela e me olhe saindo. Não me desvende, nem me descubra. Não me puxe a coberta, nem leia meus livros. Não me incomode, não faça barulho. Não me alimente, não deixe vestígios. Não se despeça e não peça mais nada. Não adormeça, não caia na sala. Não queira leite, nem salaminho. Não queime o cigarro no nosso ninho. Não diga mais nada. Não me cubra de pontos. Não me deixe engasgada, não sonhe comigo. Não me conheça. Não queira alento. Não me obedeça. Não espere mais nada. Improvise uma desculpa qualquer e volte pra casa.
lindo!
ResponderExcluirNão sabia que era poetiza... belo texto... o que eu tenho pra dizer? Improvise, essa é a palvra!
ResponderExcluirAff... esse seu texto me remeteu a tanta coisa. Não é mesmo assim o fim? Não importam mais as formalidades, as intimidades, os pequenos e grandes gestos, nada é capaz de mudar a verdade daquela situação, o fim de um ciclo, só isso. Se há gritos e ameaças, silêncio e desprezo, tudo é mero adereço, não é o x da questão. Eu acredito piamente que é preciso que haja fins para haver recomeços, pra vida continuar seu curso, é uma espécie de morte, a morte que abrirá caminho pra vida, pra luz entrar. Nem sei se tem mesmo a ver ou fui eu que "construí" essa ligação, mas percebi uma sintonia com meu último post. Pois é isso, fim e morte são palavras com um peso tremendo, mas se conseguíssemos perceber que são eles que dão base ao que está por vir, aos recomeços, perceberíamos que são dolorosos, tristes, mas (contraditoriamente) vitais. Bjs.
ResponderExcluirMuito bonito
ResponderExcluirExclamação!
Senti o sofrego batimento de cada palavra...sem querer me identifico com cada centimetro expresso nesta tua poesia...
ResponderExcluirsou de tirar as luvas e te aplaudir... pela libertação de cada pulsar sentido...